"Sou surda e levo uma vida normal"
Entrevista feita pela Revista Atrevida.
Entrevista feita pela Revista Atrevida.
Conheça a história de Jéssica de Lemos Amorim, de 16 anos, que é surda desde que nasceu, mas isso não é problema para ela.
Jéssica, que leva uma vida normal mesmo sendo surda Foto: Arquivo pessoal |
“Levar uma vida normal, apesar de uma pequena dificuldade e ainda sonhar muito com o futuro! Esse é o meu lema. Nasci com deficiência auditiva, mas minha mãe só percebeu isso quando eu tinha quatro anos de idade. Ela falou para eu pegar uma bacia que tinha em casa, mas eu não peguei porque não tinha escutado, e foi assim que se deu conta. Depois de me levar ao médico e fazer vários exames, uma amiga dela que conhecia a Libras (Lingua Brasileira de Sinais) veio conversar comigo. Ela falava as letras do alfabeto e eu não entendia nada, até que ela começou a fazer os sinais e eu entendi. Não sei por que nasci assim. Minha mãe, meu pai e meus irmãos são ouvintes. Por isso, hoje em dia lá em casa, as conversas rolam com leitura labial, que também é fácil pra mim, porque eu escuto muito pouco, mas, mesmo assim, consigo falar algumas coisas. Seria legal se eles soubessem Libras, ia facilitar, mas quando as pessoas falam bem devagar, eu consigo ver e entender. O único problema é que meu pai tem bigode e às vezes não consigo ver a boca dele! Na escola já chegou a ser complicado, pois até os sete anos estudei em um colégio comum, mas tinha muita dificuldade. Eu tinha amigos, mas meu problema era entender o que a professora ensinava. Depois, minha mãe me matriculou na escola de surdos e aprendi Libras. Na quinta série, até tentei voltar para a escola de ouvintes, mas é difícil entender toda a matéria. A maioria dos meus amigos é surda, mas também tem os que ouvem perfeitamente. Quem não escuta ensina os sinais para os outros, daí, todos se falam e se entendem. Já teve gente que me parou na rua e perguntou onde podia aprender para poder conversar com os surdos. Às vezes, eu até ensino algumas coisinhas, mas fico com vergonha! Mas nem sempre é tão fácil assim, já senti preconceito, pessoas rindo, apontando e cochichando. Fico com muita raiva! Mas tudo bem, eu sei falar com sinais e muitas delas não, e posso até contar um segredo sem que elas saibam! Tenho muitos sonhos e ser surda não vai me impedir de realizar nenhum deles! Quero fazer faculdade de Educação Física ou de Teatro, porque amo assistir Malhação e queria muito ser como eles! Como agora as faculdades têm que ter um intérprete de Libras por lei, vai ficar ainda mais fácil chegar aonde quero!”
Jéssica de Lemos Amorim, 16 anos
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