O closed caption é uma ferramenta destinada aos deficientes auditivos que transcreve, sob a forma de legendas, o áudio de diversos tipos de transmissões ao vivo ou pós-produzidas, como filmes, novelas, telejornais, programas de auditório etc.
Como o Closed Caption é gerado
Santos acabara de passar 40 minutos redigindo cada palavra dita pela apresentadora Ana Maria Braga.
Obrigatório em canais abertos desde 2006, Closed Caption, ou legenda oculta, é a reprodução literal e simultânea do que é dito no ar.
Por lei, o texto tem de ser branco, sobre fundo preto. Além de transmitir o conteúdo que é dito, deve informar nuances, entre colchetes ("[risos]", "[gritando]").
Primeiro, ele digitou "Edson Selo Lar". Apagou, substituindo por "Edson Celular". Só na terceira tentativa, conseguiu achar a forma correta, com a letra "i" no final.
Folha acompanha a rotina dos profissionais das legendas (FOLHAPRESS)
"XUAS", "NEGUE" E "ER"
Para dar conta de escrever tanto em tão pouco tempo, Santos usa o estenótipo, um teclado de 22 botões, alocado entre as pernas, que funciona combinando fonemas. Por exemplo: se precisa escrever "Natalie", ele une o fonema "nat" ao fonema "li". Para redigir Natália, ele combina "nat" com "ayla" -- cabe ao computador "decifrar" o resultado final. É como se tocasse um piano, formando palavras ao invés de acordes. Por isso, ainda que pareça um enorme obstáculo, o ator e ex-governador Arnold Schwarzenegger nunca terá o sobrenome mal grafado. Para Santos, basta usar três teclas, juntando os fonemas "xuas", "negue" e "er". "O problema é lembrar tudo isso", diz. O aprendizado leva quatro anos: um para saber as combinações de fonemas; três para decorá-las. Santos, 29, é sócio da Steno do Brasil, empresa de São Paulo, responsável por fazer o Closed Caption de Record, SBT, Rede TV!, TV Brasil, TV Senado, MTV e uma parte da programação da Globo. Hoje, a empresa tem filiais em Campinas (SP) e Brasília. A sede é equipada com um gerador, quatro antenas de TV e três provedores de internet --para que, em hipótese alguma, as legendas deixem de chegar às emissoras. Não fecha um único dia do ano. "Natal, Carnaval, Páscoa, tem sempre alguém aqui", conta Reimberg. "No Ano-Novo, uma mão estoura o champanhe, e a outra digita o que está sendo dito." Findo o "Mais Você", o estenotipista Santos ainda transcreveria, mais tarde, o "Programa do Ratinho", o "SBT Brasil" e --terror de todos do ramo-- uma Reunião Ordinária da Comissão de Assuntos Econômicos, para a TV Senado. Diante da mesa, havia uma folha com os nomes de todos os senadores e seus respectivos partidos. "O problema da TV Senado é que não tem intervalo", justificou. Para não se embaralhar quando da citação de políticos, ele já definira a combinação de teclas que daria origem ao nome de cada um. "Eduardo Suplicy", portanto, aparecia com a combinação de três toques. "Dilma Rousseff", de dois. Problema haveria se surgisse um nome desconhecido. No começo do ano, Santos se viu em maus lençóis, quando pego, de surpresa, pela crise no Oriente Médio. Ao citar o ditador líbio pela primeira vez, escreveu Muammar "Kadaf". "Mas pouca gente usava assim. Mudei para Gaddafi", avisou. Ultimamente, tem preferido "Qaddafi". É a forma usada pelo "New York Times".
texto: ROBERTO KAZ
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